O Que Você Precisa Saber sobre a Doença de Alzheimer e o Planejamento Sucessório
A Doença de Alzheimer é uma condição progressiva que afeta a memória, o raciocínio e o comportamento. À medida que a doença avança, a capacidade do idoso de tomar decisões conscientes e legais se compromete, o que pode gerar problemas financeiros e jurídicos se não houver planejamento antecipado.
Neste artigo, você vai entender por que é essencial aliar o diagnóstico de Alzheimer ao planejamento sucessório, além de receber orientações práticas e acessíveis para proteger seu ente querido e o patrimônio da família.
🧩 O que é Alzheimer e como ele impacta a tomada de decisões
O Alzheimer é um tipo de demência que, segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), afeta mais de 1,2 milhão de brasileiros. Seus sintomas mais comuns incluem:
- Esquecimentos frequentes e progressivos
- Dificuldade com tarefas simples do dia a dia
- Desorientação no tempo e no espaço
- Mudanças de humor e comportamento
Com o tempo, a doença prejudica a capacidade legal do indivíduo de gerir seu patrimônio, assinar documentos e tomar decisões financeiras ou jurídicas com clareza.
⚠️ Por que o planejamento sucessório deve começar o quanto antes
Quando um idoso é diagnosticado com Alzheimer, a família deve agir com agilidade, antes que a doença chegue a estágios mais avançados. Isso evita:
- Disputas familiares por bens e decisões
- Problemas com bancos, pensões, imóveis ou empresas
- Ações judiciais longas e desgastantes
- Perda do controle sobre o futuro financeiro do idoso
🧠 Lembre-se: enquanto o idoso ainda tem discernimento, ele pode manifestar legalmente sua vontade — o que traz segurança para todos.
📝 Instrumentos legais importantes para casos de Alzheimer
1. Testamento
É o documento mais conhecido e um dos mais eficazes para garantir que os bens da pessoa sejam distribuídos conforme sua vontade após a morte.
- Pode ser público (feito em cartório) ou particular
- Permite deixar parte dos bens para herdeiros não obrigatórios (até 50%)
- Deve ser feito antes da perda de lucidez
📌 Referência: Cartório 24 Horas – Tipos de Testamento
2. Procuração Pública Duradoura
Permite que o idoso nomeie alguém de confiança para cuidar de seus assuntos financeiros e pessoais quando ele não puder mais decidir.
- Deve ser registrada em cartório
- Pode conter cláusulas específicas (ex: movimentar conta, vender bens)
- Só tem validade enquanto o idoso ainda tiver discernimento
⚠️ Quando a lucidez é perdida, essa procuração perde validade — e será necessário um processo de interdição judicial.
3. Interdição e Curatela
Se o idoso já não tem capacidade de decisão, a única forma de representá-lo legalmente é por meio da interdição.
- A interdição é um processo judicial
- O juiz nomeia um curador (geralmente um filho ou familiar próximo)
- O curador passa a representar o idoso em decisões jurídicas e financeiras
Essa opção exige acompanhamento judicial constante, e é mais burocrática e lenta. Por isso, deve ser último recurso.
📚 Saiba mais no site do CNJ – Conselho Nacional de Justiça
4. Doação em Vida com Cláusulas
Outra opção é transferir parte dos bens em vida, com cláusulas que protejam o doador:
- Cláusula de usufruto vitalício: garante que o idoso continue usando o bem
- Inalienabilidade: impede que o bem seja vendido
- Impenhorabilidade: protege o bem contra dívidas
Essa solução pode evitar conflitos futuros, desde que feita com acompanhamento jurídico especializado.
👨👩👧👦 Diálogo e transparência são fundamentais
Muitas famílias evitam conversar sobre sucessão e doenças, mas o diálogo aberto evita conflitos e decisões precipitadas no futuro.
Algumas dicas para abordar o tema com seus pais:
- Escolha um momento calmo e respeitoso
- Fale sobre a importância de proteger a vontade deles
- Mostre que você quer ajudar, não controlar
- Sugira conversar com um advogado de confiança juntos
💬 Lembre-se: quanto mais cedo essas decisões forem tomadas, mais autonomia e tranquilidade o idoso terá.
📚 Fontes úteis e confiáveis
- ABRAz – Associação Brasileira de Alzheimer
- Cartório 24 Horas – Informações sobre documentos e testamentos
- CNJ – Conselho Nacional de Justiça
- Defensoria Pública – Apoio jurídico gratuito em casos de curatela e interdição
- Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM)
🧠 Conclusão
A Doença de Alzheimer exige mais do que cuidados com a saúde: ela também exige planejamento jurídico, financeiro e familiar. Começar cedo esse processo, enquanto seu pai ou sua mãe ainda tem discernimento, é um ato de amor, respeito e responsabilidade.
Criar testamento, nomear um procurador e garantir o registro adequado das decisões evita desgastes futuros e preserva a vontade do idoso — mesmo quando ele não puder mais expressá-la.
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